segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Incêndios: Governo vai dar resposta imediata à alimentação animal

O Governo vai dar resposta imediata à alimentação dos animais das explorações afetadas pelos incêndios de 15 de outubro através da criação de cinco plataformas logísticas, disse hoje o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos.

Segundo o governante, que falava em Vila Nova de Poiares, no distrito de Coimbra, no final de uma reunião com autarcas e representantes dos agricultores dos concelhos atingidos pelos fogos, "talvez, já a partir de quarta-feira, seja possível começar a distribuir alimentos".

Capoula Santos, que se fez acompanhar pelo ministro do Planeamento e das Infraestruturas, adiantou que as cinco plataformas vão ser instaladas nos municípios de Monção, Tondela, Vagos, Vila Nova de Poiares e Gouveia.

O ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural salientou que "os agricultores fizeram 'stocks' para a alimentação de animais, mas infelizmente os incêndios destruíram esses stocks e é por isso que se irá a recorrer a soluções de emergência para os repor".

"Estamos num ano extremamente seco, em que a penúria de alimentos já era muito grande, e parte dos 'stocks' de Inverno já estavam a ser consumidos e agora esta tragédia destruiu o restante e as pastagens", sublinhou.


A reunião de hoje teve como objetivo coordenar a logística e as operações necessárias à execução das medidas de apoio aos agricultores, nomeadamente o apoio de emergência à alimentação animal.
As centenas de incêndios que deflagraram a 15 de outubro, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram pelo menos 44 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves, nas regiões Centro e Norte.

Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.

Esta foi a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho, quando o fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo dados oficiais, 64 mortos e mais de 250 feridos, morrendo ainda uma mulher atropelada quando fugia deste fogo.

In Sapo24

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Incêndios: Comissão Europeia vai acionar "todos os instrumentos de solidariedade"

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, anunciou hoje que o executivo comunitário vai “acionar todos os instrumentos de solidariedade” para com Portugal e Espanha.
“Discutimos entre nós, em grupo e bilateralmemte, as conclusões que há a tirar dos incêndios em Portugal e Espanha e propus aos dois países sinistrados e com muitos mortos acionar todos os instrumentos de solidariedade que a União Europeia tem à sua disposição”, disse Juncker, na conferência de imprensa após a primeira sessão de trabalhos.

O presidente da Comissão Europeia adiantou ainda que “estes mecanismos não são perfeitos, mas aplicamos as regras com a generosidade requerida, acrescentando ter convidado o comissário europeu para a Ajuda Humanitária, Christos Stylianides, a apresentar, no prazo de um mês, uma proposta global para a proteção civil”.

“Vimos que não somos suficientemente reativos, temos apenas um avião – os fogos começaram no domingo e o primeiro avião, de Itália, só chegou a Portugal na quarta-feira”, salientou Juncker, para concluir que “as coisas não podem continuar assim e faremos uma reflexão aprofundada sobre a questão”.

As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 43 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves.
Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.

O Governo decretou três dias de luto nacional, entre terça-feira e hoje.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, em junho, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.

In Sapo24

Tempo seco e temperaturas altas regressam. Termómetros podem chegar aos 30 graus

Esta semana marcou o regresso do tempo húmido, típico do mês de outubro e do outono, mas a situação muda já na próxima semana.
O período de chuva, que começou na segunda-feira, deverá prolongar-se até ao dia 21 deste mês, com maior incidência nas regiões do litoral Norte e Centro, sendo o Algarve a região com menores quantidades de precipitação. A temperatura do ar desceu, passando a oscilar entre os valores normais para o mês de outubro e para o outono.

Mas entre os dias 22 e 25 de outubro a situação vai ser outra. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera prevê um novo período sem precipitação e uma temperatura do ar com valores que podem alcançar valores entre os 25 e 30 °C.

A humidade relativa do ar também vai baixar - andará à volta dos 40% no período da tarde nas regiões do Interior até dia 25 de outubro.

O atual período de precipitação que foi recebido com alegria pelo país pela ajuda que deu no combate aos incêndios não deverá ter impactos significativos na diminuição da situação de seca, em particular nas regiões do interior e no Algarve, devendo o risco de incêndio voltar a aumentar já a partir de dia 21, pelo menos até dia 25 de outubro.

O clima atípico para o mês de outubro provocou centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 43 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves.

Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.

Esta foi a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, em junho, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.

In Sapo24

Presidente da Autoridade Nacional da Proteção Civil demitiu-se

O presidente da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC), Joaquim Leitão, apresentou a sua demissão. O pedido, "com efeitos imediatos", foi formalizado na quarta-feira. António Costa já aceitou.
O presidente da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC), Joaquim Leitão, apresentou a sua demissão.

A informação foi avançada pela RTP, que dá conta que o responsável entregou na quarta-feira uma carta de demissão dirigida ao secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes. Com a saída de Constança Urbano de Sousa, e consequente exoneração dos seus secretários de Estado, a carta foi remetida para António Costa, que aceitou a demissão de Joaquim Leitão.

Como recupera a mesma estação pública, a demissão de Joaquim Leitão não implica o pagamento de qualquer indemnização. Se tivesse sido demitido depois de 24 de outubro, o presidente da ANPC teria que receber uma indemnização de cerca de 145 mil euros.

A demissão de Joaquim Leitão surge na sequência das críticas que foram dirigidas à Proteção Civil depois dos incêndios que se registaram entre junho e outubro e que vitimaram, até ao momento, 107 pessoas.

Joaquim Leitão, coronel de infantaria, é tido como próximo de António Costa. Em outubro de 2016, substituiu o general Grave Pereira, que se demitira em setembro desse ano depois de ter entrado em rutura com a então ministra da Administração Interna, Constança Urbana de Sousa.

A escolha do sucessor de Grave Pereira, no entanto, não foi pacífica. Na altura, o Conselho Superior de Oficiais do Exército emitiu um parecer negativo, onde dava conta que seria “aconselhável que o titular do cargo fosse um oficial general”. O Governo acabaria por ignorar esse parecer e dar posse a Joaquim Leitão.

António Costa e Joaquim Leitão foram-se cruzando várias vezes ao longo do percurso político do socialista. Quando Costa ocupou o cargo de ministro da Administração Interna, em 2005, foi adjunto do gabinete do secretário de Estado com a pasta, Ascenso Simões. Em 2006, sob a mesma tutela, seria nomeado 2º comandante de operações da Autoridade Nacional de Proteção Civil.

Em 2008, António Costa, então presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Joaquim Leitão foi nomeado comandante do Regimento de Sapadores Bombeiros — na dependência da autarquia — cargo que ocupou durante seis anos. Chegou a acumular o cargo com o de diretor municipal de Proteção Civil e Socorro, para o qual foi nomeado em 2011.

Seria ainda subdirector da Escola de Serviço de Saúde Militar. Em janeiro de 2016, voltou ao Ministério da Administração Interna, de novo como adjunto do secretário de Estado. Meses mais tarde, em outubro, acabaria por suceder a Grave Pereira como presidente da Proteção Civil.

A demissão de Joaquim Leitão já era esperada, depois de divulgado o relatório da Comissão Técnica Independente nomeada avaliar o incêndio de Pedrógão Grande, que apontou muitas críticas à atuação da Proteção Civil.

A saída de Joaquim Leitão é precipitada pelas conclusões do relatório da Comissão Técnica Independente. Nesse documento, aqui analisado em detalhe pelo Observador, a atuação do comando da Proteção Civil é muito criticada. Entre muitas considerações, os 12 especialistas não deixam espaço para dúvidas: “As consequências catastróficas do incêndio“, nomeadamente as 64 mortes registadas, “não são alheias às opções táticas e estratégicas que foram tomadas”.

No início deste ano, Joaquim Leitão propôs a substituição no comando operacional da APNC de José Manuel Moura por Rui Esteves, até então comandante distrital de Operações de Socorro em Castelo Branco. Rui Esteves apresentaria a demissão já depois de Pedrógão Grande na sequência das dúvidas levantadas sobre a sua licenciatura em Proteção Civil, obtida com 32 equivalência em 34 unidades curriculares do curso, uma suspeita que se alastrou a outros elementos do topo da hierarquia da ANPC e que está agora sob investigação da Inspeção-Geral de Educação e Ciência.

Rui Esteves seria substituído interinamente por Albino Tavares, até então comandante nacional adjunto. No relatório sobre o incêndio de Pedrógão Grande, o agora Comandante da Proteção Civil também não escapa ileso às críticas: não só entregou o controlo das operações a um subalterno quando o incêndio se encontrava por debelar — contrariando a doutrina vigente –, como ordenou ordenou, na madrugada de 18 de junho, aos operadores de comunicações para que não registassem mais alertas na fita do tempo, uma decisão muito criticada pelos especialistas e que pode ter contribuído para que hoje seja possível apurar tudo o que aconteceu naqueles dias.

In Observador

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Sozinhos no meio das chamas: quando a água acabou, apagaram o fogo com vinho

Maria Joaquina viu vizinhos a morrer e o povo a combater as chamas sozinho. José salvou a casa com as suas mãos, mas perdeu o sustento. Do Governo, pedem-lhes "resiliência" — e isso não lhes agrada.    

Chega uma altura em que, amparada nas suas muletas, Irene Silva perde as forças e cai redonda no chão. Aos 53 anos, conta com dois AVC, que a atacaram em janeiro e agosto de 2016. Agora, quando o seu marido, José Silva, a vê cair diretamente no asfalto da estrada principal da aldeia de Joana Martins, fica com uma certeza. “É o terceiro, está a dar-lhe agora”, diz, com o telefone a chamar para o 112.

A madrugada deste domingo não foi fácil para ninguém nesta aldeia do concelho de Vouzela, distrito de Viseu. Assim que soube que havia fogo, José meteu a mulher e a filha, Daniela, de 14 anos, dentro do carro. Depois, conduziu-as para longe da casa e voltou para trás, sozinho.

Nessa altura, José pegou em duas mangueiras e ligou-as a um depósito de mil litros que tem para a agricultura. Com este material tentou apagar o fogo que lhe lambia as paredes de casa. Em trinta minutos, ficou sem água. Depois, só conseguiu ir buscá-la a um chafariz comunitário. O resto da noite foi passada a correr da fonte à casa, com dois baldes cheios de água — até que, também ali, ela deixou de brotar. Nessa altura, não teve outra escolha para além de esperar pelo fim. Enquanto isso, Irene e Daniela, na casa de uma vizinha, tentavam apagar o fogo com o que tinham à mão. Quando a água também por ali acabou, começaram a deitar vinho, das uvas que há pouco tempo foram pisadas após a vindima, para cima das labaredas.
Horas depois do incêndio, Irene Silva não tem forças para regressar a casa e por isso senta-se na rua. Pouco depois, viria a ter um AVC  

José já tinha pensado neste dia. “Eu sabia que um dia isto ia arder tudo, era tudo uma questão de tempo”, diz. Por isso, deu por si a pensar, nos últimos tempos, como poderia fazer frente a um fogo na sua aldeia. “Nós temos de meter as pernas a caminho assim que isto chega, porque ninguém nos vem ajudar, isso é que não vem de certeza”, diz, desagradado.

Naquela altura, José teve de fazer escolhas. Se queria salvar a casa, teria de deixar o armazém onde tinha o trator, as alfaias agrícolas e os mais de 20 animais de criação à mercê das chamas. “Eu sou só um, não sou mais do que isso”, diz, já no dia a seguir. Com a luz do sol alta, já ao início da tarde, José Silva sabe que salvou a casa. O armazém, onde estava todo o sustento da família, ardeu por completo.
Dentro do armazém e à volta dele, não há nada que não esteja preto. Da vegetação em torno, sobram de pé apenas as árvores, calcinadas. Tudo o resto, está espalhado pelo chão, em pequenas dunas de cinzas. É por elas que avança Daniela Silva, filha de Irene e José, que aos 14 anos é a segunda habitante mais jovem da aldeia — e que, enumerando um a um os seus habitantes, conta 28 pessoas. De telemóvel na mão, a adolescente fixa os olhos num círculo de borracha queimada, debaixo de uma árvore. Relutante, explica do que se trata. “Era o meu baloiço, de quando era mais nova.”

Não muito longe, José e Irene olham a custo para dentro do armazém. Assim que é aberto o portão pela primeira vez desde o incêndio, uma nuvem preta passa-lhes por cima. Depois, esta começa a perder a espessura e os destroços começam a ser visíveis. O trator está queimado, os cereais que compraram para semear também. “E se for à porta do outro lado e certeza que apanho lá os animais todos queimados”, diz José, que, dito isto, avança para encarar aquilo que já adivinha. Assim que abre a porta, ela prende no cadáver de um borrego, impedindo-o de ver mais para dentro.

Do armazém de José e Irene Silva, não sobra nada além de cinzas, sucata e os cadáveres do gado que tinham

Irene afasta-se. “Eu não consigo ver isto, eu não consigo ver isto. Eu não consigo passar uma coisa destas, eu desta já não me levanto”, diz. “Eu não me vou aguentar.” Depois, vira as costas e parte para a estrada principal de Joana Martins. É lá que, entre lágrimas que lhe saem em gritos de dor, cai no chão. O marido chama uma ambulância e, 35 minutos mais tarde, a sua chegada é anunciada pelo soar de uma sirene.

Desde que as chamas atravessaram aquela aldeia, esta foi a primeira vez que aquele som ecoou por aqueles lados. Durante a noite do incêndio, por mais que ligassem a pedir a ajuda, ninguém acudiu. José ligou várias vezes para os bombeiros, sempre sem sucesso. Também fez uma chamada para o presidente da câmara, cujo nome tem escrito no boné cor-de-laranja que leva na cabeça. “PSD Rui Ladeira, Vouzela 2017”, lê-se. Do lado de lá do telefone, o autarca não lhe deu esperança de que qualquer socorro viesse a caminho. “Ele disse-me que não havia bombeiros para nada, que eles não conseguiam vir até aqui”, recorda da conversa.

“Há gente a morrer e eles dizem isso?”

Rui Ladeira esteve longe de ser o único político a não oferecer esperança em tempos de aperto às populações que, no domingo, viveram aquele que foi o pior dia dos incêndios de 2017 e do qual resultaram pelo menos 36 mortos.

Durante a madrugada, a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, disse que “as comunidades têm de se tornar mais resilientes às catástrofes” e referiu que os cidadãos devem fazer a sua “autoproteção”, através de uma “adequação dos seus comportamentos, interiorização de algumas práticas”. Da mesma forma, o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, disse que as pessoas devem ser “proativas”, em vez de ficarem “todos à espera de que apareçam os nossos bombeiros e aviões para resolver os problemas”.

José não tem eletricidade, por isso não viu nem ouviu as declarações daqueles responsáveis políticos. Porém, quando toma conhecimento delas, não esconde a irritação. “A gente sente-se abandonada aqui. Sabe o que é ter chamas por todo o lado e não vir ninguém ajudar? Sabe o que é estar prestes a morrer e não termos nenhum sinal de ajuda? Esses políticos deviam vir aqui, apagar fogos como nós apagamos, com mangueiritas e com baldes, para verem como isto nos dói”, diz. “Há gente a morrer e eles dizem isso?”

Maria Joaquina Dias conhece quatro das pelo menos 36 pessoas que perderam a vida nos incêndios de 15 de outubro. Vive em Vila Nova da Ventosa, aldeia onde nasceu há 77 anos e da qual nunca saiu.

Maria Joaquina Dias conhecia as quatro pessoas que morreram em Vila da Nova da Ventosa. "Morreram sozinhos, sem que os pudessem ajudar", lamenta. 

Ao longo dos anos, habituou-se a conviver com Maria Rosa de Jesus, mulher de 93 anos e sua cunhada que, apesar da idade, insistia em fazer uma caminhada todas as manhãs. Apoiada numa bengala, atirava àqueles que pelo caminho se metiam com ela: “Caminhar faz bem, caminhar faz bem!”. Agora, Maria Rosa de Jesus está morta. Morreu numa estrada próxima da aldeia, depois de um mar de chamas ter impedido que o carro em que seguia com a filha avançasse. A filha conseguiu fugir, mas Maria Rosa de Jesus ficou para trás. Foi encontrada na manhã desta segunda-feira, já sem vida.

Na aldeia de Vila Nova da Ventosa também morreram três dos seus vizinhos: Arminda de Jesus Lourenço, solteira aos 78 anos; e o seu irmão, Fernando Jesus Lourenço, tal como a sua mulher, Laurinda Lourenço, ambos também septuagenários. Maria Joaquina acredita que morreram todos na cama, sem que se tivessem apercebido do fogo que tomava a aldeia de assalto.

Maria Joaquina só se apercebeu do incêndio à meia-noite, quando se levantou da cama, onde já dormia há mais de uma hora, para ir à casa de banho. Entre o quarto e aquela divisão da casa, olhou pela janela. Ao fundo, estava tudo vermelho. “Era um tornado, era uma chuva de chamas que por aí vinha acima ter connosco”, recorda. Chamou o marido, que acordou logo. Depois ouviu que o sino da capela tocava a rebate, acordando toda a aldeia. “Nós vamos morrer aqui!”, dizia ao marido. Até que a filha, que vive algumas casas ao lado, lhe bateu à porta. “Saiam já daqui, venham já para a minha casa, que vocês aqui morrem”, gritou aos pais. Fugiram de casa a correr — e ainda agora Maria Joaquina está para perceber como, em passo de corrida e agachada, se esquivou a uma chama que lhe passou à altura da cabeça.

“O povo não ficou à espera dos bombeiros, o povo mexeu-se logo!”

O resto da noite de Maria Joaquina foi passada em branco, enquanto lá fora os mais novos ajudavam como podiam a salvar as casas de toda a aldeia. Aqui, os bombeiros só apareceram às 4h30, quando ali já tinham morrido quatro pessoas. Por isso, também, Maria Joaquina estranha as palavras que ouviu dizer vindas de alguns membros do Governo. “O povo telefonou aos bombeiros mas não ficou à espera deles, o povo mexeu-se logo, senão isto tinha ardido tudo”, disse. “Os senhores do Governo que não pensem que o povo não se protege e que não dá luta. Aqui na nossa aldeia é um por todos e todos por um”, diz.

Maria Joaquina sabe que teve sorte. Esta segunda-feira, quando voltou a casa, pensando que dela sobrariam apenas as paredes, reparou que só os vidros das janelas sucumbiram ao fogo, com o calor. Mas, depois, olhou para os cortinados. “Só estavam sujos, mais nada, nem sequer se queimaram”, diz, com um dos poucos sorrisos que consegue dar um dia depois de ter visto o inferno. “Os cortinados não se estragaram, não senhor. Agora é só meter na máquina, lavar, e já está.”

O resto, porém, não é assim tão simples. E é por isso que, olhando em sua volta, o lábio começa a tremer. “Mas nem todos tiveram a minha sorte… Morreram-nos quatro dos nossos. Uma delas era minha cunhada, mas os outros também era como se fossem da família”, lamenta. “Sinto-me muito triste por dentro, muito triste. Porque morreram sozinhos, sem que os pudessem ajudar.”

Os incêndios de 15 de outubro mataram pelo menos 41 pessoas até ao momento.

Arderam quase 54.000 hectares só este domingo

Os incêndios já destruíram este ano em Portugal mais de 316.100 hectares, segundo o sistema da Comissão Europeia, que aponta para quase 54.000 hectares queimados só no domingo, o pior dia do ano em número de fogos.
Os dados disponíveis ao início da manhã de hoje no EFFIS – Sistema do Centro de Investigação Comum da Comissão Europeia, que apresenta áreas ardidas cartografadas em imagens de satélite, indicavam que só na zona do Pinhal Litoral, que abrange o Pinhal de Leiria, arderam no domingo e na segunda-feira 11.394 hectares.
Depois desta, a maior área destruída pelas chamas que deflagraram no domingo foi na região do Pinhal Interior Norte, que abrange os concelhos de Penacova e Arganil, entre outros, onde arderam mais de 16.000 hectares, segundo o EFFIS.
Se aos incêndios de domingo se juntarem os que deflagraram no sábado e na segunda-feira, o EFFIS apresenta um total superior a 64.000 hectares ardidos.
O país da União Europeia que mais se aproxima de Portugal em área ardida é a Itália, que apresenta um total de 133.526 hectares ardidos, menos de metade do território português.
O último relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), com dados até final de setembro, indicava que os incêndios florestais tinham queimado este ano mais de 215 mil hectares, o valor mais elevado dos últimos 10 anos.
Só os grandes incêndios (mais de 100 hectares) foram responsáveis por quase 90% do total de área ardida, segundo o ICNF.
Segundo os dados do ICNF, os piores anos de sempre em área ardida registaram-se em 2003 (425.839 hectares) e 2005 (339.089).
In Sapo24

Arderam mais de cem mil hectares nos últimos três dias

Vítimas mortais este ano já superam todas as estatísticas
Ainda não é pública uma lista com o nome das vítimas, mas a Proteção Civil confirmou ontem que o balanço da nova tragédia subiu ontem para 41 mortos. Pouco depois da adjunta de operações ter indicado no briefing da Proteção Civil que não havia conhecimento de mais vítimas mortais, as perdas humanas sofreram uma atualização. Foi também indicado que a maioria das mortes ocorreu nos distritos de Coimbra (20) e Viseu (18). Na Guarda morreram duas pessoas e em Castelo Branco uma. Sobe assim para 106 o número de vítimas nos fogos deste ano, algo sem precedentes na história do país. Morreram mesmo mais pessoas nos fogos do que em todos os grandes incêndios com vítimas mortais conhecidas no país desde os anos 60. Até aqui, o ano mais trágico era 1966, quando um incêndio na Serra de Sintra vitimou 25 militares que combatiam o fogo.
Além das vítimas mortais, começam a contabilizar-se os danos, numa altura em que parte das zonas afetadas pelo fogo continuam sem luz. Dados atualizados ontem pelo sistema europeu de controlo de incêndios apontam para mais de 100 mil hectares ardidos nos últimos dias. São projeções, uma vez que ainda não foram tornados públicos dados validados GNR e posteriormente divulgados pelo Instituto de Conservação de Natureza e Florestas. Ainda assim, tendo em conta que até ao final de setembro tinham ardido 215 mil hectares no país, a área poderá ter aumentado 46% num curto espaço tempo. Segundo as estimativas do EFFIS, este ano já arderam 351 mil hetares no país, a maioria área ardida da Europa. Em segundo lugar surge Itália, com 133 mil hetares consumidos pelo fogo. Em Espanha arderam 89 mil. 
 In SOL

Ministra da Administração Interna demite-se

A informação é avançada numa nota do gabinete do primeiro-ministro.
Constança Urbano de Sousa apresentou a demissão ao primeiro-ministro.

"A ministra da Administração Interna apresentou-me formalmente o seu pedido de demissão em termos que não posso recusar", pode ler-se na nota assinada por António Costa.

A responsável do Governo pela Protecção Civil não resistiu, assim, a toda a problemática em torno dos incêndios. Ao longo dos últimos meses, e sobretudo depois de Pedrógão Grande, Constança Urbano de Sousa tem sido pressionada a abandonar o cargo, mas só agora o fez.

Na carta de demissão, diz a António Costa que "tem de aceitar" o seu pedido, "até para preservar a minha dignidade pessoal".

A queda da ministra acontece depois da declaração do Presidente ao país.

Numa mensagem dirigida ao país, na noite de terça-feira, o Presidente da República admitiu que os mais de 100 mortos causados pela vaga de incêndios de Junho (Pedrógão Grande) e do último fim-de-semana são "um peso enorme” na consciência e no seu mandato presidencial.

O Presidente salientou ainda que a moção de censura apresentada pelo CDS implica uma clarificação por parte do Parlamento e pediu um “novo ciclo”, avisando que é preciso identificar o quê e quem melhor serve esse ciclo.


Antes, a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, anunciou antes a apresentação de uma moção de censura ao Governo, pelo que disse ser a falha em "cumprir a função mais básica do Estado: proteger as pessoas".

In Rádio Renascença

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Maior incêndio de sempre em O. Hospital faz 8 mortos

In CentroTV

Mais de uma centena de famílias desalojadas em Oliveira do Hospital aponta o presidente da Câmara

Mais de uma centena de pessoas ficaram desalojadas no concelho de Oliveira do Hospital por causa dos incêndios de domingo e de hoje, disse à agência Lusa, segundo o site notíciasaominuto, o presidente da Câmara daquela cidade, José Carlos Alexandrino. “Mais de uma centena de famílias ficaram desalojadas” porque as suas casas, que são, em regra, habitações em permanência, foram atingidas pelas chamas, muitas das quais “ficaram completamente destruídas”, frisou.

O fogo, que, de acordo com o autarca, provocou oito mortes no concelho – número que admite possa ser ainda mais elevado – , também destruiu diversas empresas, designadamente no parque industrial de Oliveira do Hospital, que representam, no seu conjunto, “cerca de 400 postos de trabalho”.

José Carlos Alexandrino descreve os incêndios neste município do interior do distrito de Coimbra como “uma enorme bola de fogo”, formada por três fogos, que “varreu todo o concelho, ameaçando os seus 84 núcleos” e devastando parte de muitos dos aglomerados populacionais. “Foi um cenário dramático, foi um cenário dantesco”, foi “um fogo como nunca se viu”, que “atirava as chamas para três e quatro quilómetros de distância”, descreve o autarca.

Os meios de combate às chamas foram “insuficientes”, mas, sublinha o autarca, “os oliveirenses uniram-se e, com os bombeiros de Oliveira [do Hospital] e de Lagares [da Beira], conseguiram” evitar que fosse uma “tragédia ainda maior”. “Nem os oliveirenses, nem ninguém merece isto”, sustenta o presidente da Câmara, salientando que, para além da “maior perda, que são as vidas humanas”, em “meia dúzia de horas” o concelho “ficou totalmente reduzido a cinzas e a escuridão”.

Mas “vai dar-se a volta” à situação em que ficou o concelho de Oliveira do Hospital, acredita José Carlos Alexandrino, apelando à “coragem dos oliveirenses”. Embora se continuam a registar reactivações, o incêndio em Oliveira do Hospital está dominado, disse ainda o autarca.

As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram pelo menos 31 mortos e dezenas de feridos, além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.

In Correio da Beirra Serra

Reportagem Antena1 - Oliveira do Hospital é cenário de terra queimada



In Antena1

O herói do IP3. “Posso morrer aqui convosco, mas não vos abandono”

Enfrentou uma estrada em chamas quando todos lhe diziam ser impossível. Salvou um autocarro onde seguiam 48 pessoas.
Quando saíram de Coimbra, às 18 horas de domingo, já pouco se via de céu. Os incêndios que atingiram a zona centro no domingo cortavam a visibilidade, mas nada fazia prever que pouco mais de meia hora de caminho, o autocarro estivesse rodeado pelas chamas.

“Foi de repente”, conta Eduardo Donas Botto ao SOL. O condutor da Transdev foi surpreendido por uma “bola negra de fumo e fogo” a caminho de Viseu, como recorda, e de repente não havia escapatória.

No meio do caos, em pleno IP3, Eduardo quase que bate num carro de bombeiros, também eles surpreendidos pelo fogo. Aconselharam a que desse meia volta, porque o cenário em frente era de fogo ativo. Mas Eduardo sabia que para trás o percurso não era viável e, contra as indicações dadas, decide avançar.

Nas redes sociais não faltam relatos dos segundos que se seguiram: “O vidro ao meu lado estava a ferver, o calor era insuportável e o ar irrespirável”, conta Ana Fonseca. Sentada uns lugares mais à frente, Mafalda Lírio escreve na sua página de Facebook que “apesar do pânico que rapidamente se fez sentir, das chamas que até por cima de nós passavam, do calor infernal, da falta de oxigénio, [o motorista] continuou a conduzir”.

Eduardo garante que a decisão foi tomada num segundo. No meio de gritos, pessoas a rezar e outras tantas a telefonar a familiares e amigos, Eduardo deu uma garantia: “Posso morrer aqui convosco, mas não vos abandono”. E arriscou por um IP3 cercado por chamas, que rapidamente deixaram a traseira do autocarro a arder.

Os bombeiros com quem quase chocou anteriormente foram acompanhando o percurso e alertaram Eduardo para as chamas que já estavam a atingir o motor. “Aí disse a toda a gente para fugir a pé”.
Em segundos, os bombeiros apagaram as chamas, Eduardo voltou ao comando e foi apanhando as pessoas que entretanto seguiam a pé pela estrada. Seguiu caminho em direção a uma ponte, que parecia ser território seguro até que foram novamente surpreendidos pelo avanço das chamas. “Era uns a rezar, outros a ameaçar atirar-se ao rio, um desespero”, recorda o condutor.

Mas depois destes minutos de terror, o fogo mudou de direção e deixou de ser uma ameaça. “Foi um milagre”, resume Eduardo, que recusa o rótulo de herói. “Era fácil ter fugido no carro de bombeiros quando eles apareceram, mas não podia fazer isso. Fiz o que tinha que ser feito”.

Regresso à calma

Quando a segurança estava assegurada, os primeiros carros que estavam presos no IP3 começaram a sair, escoltados pela GNR e só pararam na estação de camionagem de Coimbra. Em terreno seguro, o motorista foi invadido pelos agradecimentos de quem percebeu que este final sem tragédias teve Eduardo como protagonista.

Os passageiros rodearam Eduardo, aplaudiram e um dos passageiros apelou para que todos mandassem um email à Transdev a agradecer o ato de coragem.

Mas Eduardo não espera pelos louros. Acredita que foi guiado “pelo instinto” e por uma coragem que, garante, nem sabe onde foi buscar.

Ontem, quando contactado pelo i, estava a trabalhar. “Era preciso gente, que por aqui ainda está uma confusão. Não podia dizer que não”, refere. Com 49 anos, conduz autocarros há tantos anos que já nem sabe especificá-los em números. Mas garante: “Não há experiência que nos prepare para isto”.

In Sol

EDP coloca centrais móveis nas zonas mais afetadas e estima repor hoje rede de Média Tensão

A EDP está a colocar geradores e centrais móveis nos locais mais afetados pelos incêndios e estima repor durante o dia de hoje a rede de Média Tensão, divulgou a empresa que tem 600 técnicos no terreno.
Os incêndios que no domingo deflagraram no país colocaram "fora de serviço as Subestações de Aguieira (Viseu), Mortágua (Viseu), Candosa (Coimbra), Oliveira do Hospital (Coimbra) e Mira (Coimbra), cujas redes foram, entretanto, já recuperadas", divulgou a EDP num comunicado enviado à agência Lusa.

Na zona da Pampilhosa da Serra (Coimbra), Vouzela (Aveiro) e Oliveira do Hospital, as dificuldades de circulação "são ainda particularmente sentidas", mas a empresa tem mobilizados e a trabalhar no terreno, "cerca de 600 operacionais que, em articulação com as autoridades locais, as autarquias e a Proteção Civil têm concentrado esforços para que, à medida que as estradas permitam a circulação, seja realizado o reconhecimento dos danos nas redes e efetuada a intervenção para reparação".

Nas zonas mais críticas "estão já ligados e/ou preparados para ligação no local, geradores e centrais móveis", adiantou a EDP, estimando que a reposição da rede de Média Tensão seja feita "durante o dia de hoje".

Ainda segundo a empresa, as equipas estão empenhadas" na reparação das linhas que alimentam as zonas rurais dos municípios de: Pampilhosa da Serra, Oliveira do Hospital, Vouzela, Tondela (Viseu), Seia (Guarda), Gouveia (Guarda) e Lousã (Coimbra) bem como a zona industrial de Mira".
Estão ainda mobilizados "recursos aéreos para apoiar o reconhecimento e localização dos estragos duma forma mais célere".

A empresa prevê, nos próximos dias, prosseguir os trabalhos na rede de Baixa Tensão "também com danos muito relevantes e bastante dispersos em vários municípios da zona centro".

No comunicado, a EDP alerta ainda as populações das regiões atingidas pelos incêndios, para, por razões de segurança, "não tocarem em quaisquer linhas partidas" e para o cuidado a ter com "a colocação de geradores em locais pouco ventilados podendo o seu uso inadequado provocar intoxicações".

Os cerca de 500 incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram pelo menos 31 mortos e dezenas de feridos, além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o Governo assinou um despacho de calamidade pública, abrangendo todos os distritos a norte do Tejo, para assegurar a mobilização de mais meios, principalmente a disponibilidade dos bombeiros no combate aos incêndios.

Portugal acionou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil e o protocolo com Marrocos, relativos à utilização de meios aéreos.


Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, no verão, um fogo que alastrou a outros municípios e que provocou 64 mortos e mais de 200 feridos.

In LUSA

Encontrados seis dos sete desaparecidos

Seis dos sete desaparecidos nos incêndios que deflagraram no domingo na região centro do país foram encontrados com vida, disse hoje à Lusa a adjunta nacional de operações da Proteção Civil, Patrícia Gaspar.
Seis pessoas dadas como desaparecidas desde os incêndios de domingo no Norte e no Centro do país já foram localizadas sem qualquer ferimento, avançou a SIC Notícias.

Segundo adjunta nacional de operações da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, todos os seis desaparecidos encontrados são do distrito de Viseu, faltando encontrar uma pessoa no distrito de Coimbra.

A Autoridade Nacional de Proteção Civil anunciou na segunda-feira que estavam desaparecidas sete pessoas, uma na Figueira da Foz, uma na Pampilhosa da Serra (distrito de Coimbra), duas em Nelas, duas em Santa Comba Dão e uma em Mortágua (distrito de Viseu).

As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram pelo menos 37 mortos e 71 feridos, entre eles 16 em estado grave, além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.

Na segunda-feira, a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) anunciou que vai manter o alerta vermelho devido aos incêndios em todos os distritos até às 20:00 de hoje.

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o Governo assinou um despacho de calamidade pública, abrangendo todos os distritos a norte do Tejo, para assegurar a mobilização de mais meios, principalmente a disponibilidade dos bombeiros no combate aos incêndios.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, no verão, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou 64 mortos e mais de 250 feridos.

In Sapo24

Três dias de luto municipal e escolas fechadas em Oliveira do Hospital

A Câmara de Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra, decretou três dias de luto municipal em homenagem às vítimas do fogo no concelho, disse hoje uma fonte da autarquia à agência Lusa.

Num momento que o presidente da Câmara, José Carlos Alexandrino, está reunido com outros responsáveis locais para analisarem a situação no concelho, a fim de fazerem levantamentos e tomarem medidas, a fonte do gabinete do autarca informou que o luto municipal está em vigor entre hoje e quarta-feira.

Por outro lado, disse, "todas as escolas do concelho" estão hoje encerradas.
No domingo, os incêndios que lavraram na região - e que entraram mesmo na área urbana de Oliveira do Hospital - causaram elevados prejuízos no concelho.

As autoridades confirmaram a morte de duas pessoas em Oliveira do Hospital, onde "várias habitações e outros edifícios" foram destruídos pelo fogo, disse na madrugada de hoje uma fonte autárquica à Lusa.

"Várias casas arderam" na cidade, além de instalações comerciais e fabris, incluindo "uma grande parte da zona industrial", segundo a fonte da Câmara Municipal.

Cerca de 500 incêndios deflagraram domingo causando, pelo menos, 10 mortes, 25 feridos, povoações evacuadas e casas destruídas.

In Jornal de Notícias

Dois irmãos morrem nas chamas em Oliveira do Hospital

Os dois cadáveres foram encontrados esta segunda-feira de manhã na aldeia de Vila Pouca da Beira onde morreu também uma mulher. 

Paulo e João, dois irmãos com casa em Vila Pouca da Beira (Oliveira do Hospital), estiveram desaparecidos desde domingo. Supôs-se desde início que o fogo, que alastrou na região no último domingo, fosse a causa provável do seu desaparecimento. Algo que se confirmou na manhã desta segunda-feira quando populares e a GNR encontraram os dois corpos carbonizados.

Os dois homens, de 29 e 33 anos, tinham saído de casa quando as chamas estavam à porta “para soltar as vacas” de um curral ali perto, segundo relatou Jorge Simões, vizinho das vítimas. Este habitante local conta que os dois homens terão corrido “na frente de fogo” mas não terão sido suficientemente rápidos dado que as chamas alastravam a grande velocidade devido aos ventos fortes. Ainda segundo esta testemunha as duas vítimas mortais estariam também preocupadas com o paradeiro do avô que se tinha ausentado.

Na mesma aldeia, que tem pouco mais de 300 habitantes, morreu também uma mulher, vítima dos incêndios que ali deflagraram.

In Expresso

Oliveira do Hospital. Drone mostra zona destruída pelo incêndio



In RTP

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

As fotos da Tragédia de Oliveira do Hospital



































































By Miguel Borges