quinta-feira, 17 de julho de 2008

Maior incêndio do ano do distrito de Coimbra

Cerca de 260 homens combateram o incêndio que deflagrou ontem à tarde na zona de Portunhos, Cantanhede, e se propagou pelo concelho. Sessenta e cinco viaturas e cinco meios aéreos estiveram no combate ao maior fogo do ano no distrito.

O incêndio começou às 14.15 horas próximo da A14 (auto-estrada que liga a Figueira da Foz a Coimbra), numa zona de eucaliptal, e lançou o pânico nas freguesias de Ançã, Cordinhã, Portunhos, São João do Campo e São Silvestre. À hora do fecho desta edição, o fogo ainda não tinha sido circunscrito, mas não ameaçava populações. "A frente activa é só em espaço florestal, mas está difícil porque é uma zona de difícil acesso", revelou ao JN António Pinheiro, da Protecção Civil de Cantanhede.

"Não temos ainda noção da área afectada, mas tem uma dimensão significativa", afirmava o responsável da Protecção Civil por volta das 21.30 horas. Calcula-se que a extensão do fogo tenha chegado aos quatro quilómetros. António Pinheiro afirma que é "de longe, o caso mais grave no concelho este Verão. Houve outro incêndio na segunda-feira, mas não atingiu estas proporções".

Ao local acorreram bombeiros de Cantanhede, Ançã, Condeixa-a-Nova, Lagares da Beira e Montemor-o-Velho, num total de 260 homens. Os meios aéreos estiveram presentes com dois helicópteros e três aerotanques (dois deles pesados), que ajudaram no combate ao fogo até próximo das 21 horas. Esteve ainda presente uma equipa de análise e uso do fogo e grupos de reforço para incêndios florestais de Coimbra e de Aveiro, chegados já próximo do anoitecer. No posto de comando móvel esteve um vereador do município de Cantanhede e outro de Coimbra, e representantes do Serviço Municipal de Protecção Civil de Cantanhede.

Entre a população das freguesias circundantes, o ambiente variava entre o medo e a calma. "Disseram-me que já estava perto dos armazéns em São Silvestre", gritava uma popular em Ançã, às 18.40 horas. Uns metros mais à frente, outro popular que tinha estado perto das chamas mostrava-se mais calmo, aliviado com o tempo. "Vá lá hoje o vento não está forte, o que ajuda a que o fogo não se propague", revelou ao JN. Por volta das 20 horas, a população de Ançã mostrava-se mais tranquila, considerando que, na zona, o pior já tinha passado.

Na povoação de Vale das Rosas (uma das poucas próximas do fogo), o ambiente era de alguma ansiedade. Uma família que via o fogo da varanda estava expectante devido à incerteza do vento. Um dos membros, uma mulher, estava preocupada com o facto de a povoação estar rodeada de mato. "Se o fogo chegar até aqui, ficamos cercados", temia.

Jornal de Notícias