segunda-feira, 30 de junho de 2008

Fase Charlie começa amanhã

Fogos com mobilização recorde de meios aéreos

Este ano, já arderam 3.454 hectares do território português - quase o triplo do valor registado em igual período do ano anterior. Amanhã tem início a Fase Charlie que mobilizará o maior número de meios de sempre no combate aos incêndios.
O balanço provisório das fases Alfa e Bravo revela que, em 2008, os fogos florestais e a área ardida mais que duplicaram em comparação com o ano anterior. De 1 de Janeiro até 15 de Junho registaram-se 871 fogos florestais, quando em 2007 apenas tinham sido assinalados 354 e a área ardida passou de 1.228 para 3.454 hectares.

Ao todo, existiram 3.271 ocorrências, sendo que, destas, 2400 foram fogachos (incêncios com área ardida inferior a um hectare) e 871 incêndios florestais. Em termos de área, dos 3.454 hectares ardidos, 849 estavam localizados em povoamentos e 2.605 em matos. O mês de Março foi o que registou maior número de incêndios florestais (292) e fogachos (761), que se traduziram em 1.003 hectares de área ardida.
Já no que diz respeito à distribuição geográfica, o relatório provisório da Direcção-Geral dos Recursos Florestais indica que os distritos mais afectados foram a Norte. Braga, Vila Real e Bragança tiveram 907, 670 e 425 hectares queimados, respectivamente. Os distritos menos atingidos foram Évora, Portalegre e Beja, com apenas quatro, cinco e oito hectares ardidos. A maior quantidade de fogachos num distrito - 394 - foi registada no Porto.
O relatório refere, ainda, que os valores já registados este ano estão abaixo da média dos últimos cinco anos: 5.631 ocorrências e 8.980 hectares de área ardida, tendo o ano de 2005 os piores registos, com 10.662 ocorrências e 20.575 hectares queimados.

Fase Charlie começa amanhã

A Fase Charlie, a mais delicada do ano em termos de incêndios, tem início amanhã com a mobilização do maior número de meios de sempre. Estarão no terreno 2.373 equipas, comportando 2.266 veículos, 9.642 elementos e 56 meios aéreos. Mais 487 viaturas, 806 homens e quatro aeronaves do que em 2007.
A Força Operacional Conjunta (FOCON) vai contar com meios humanos e materiais de vários organismos estatais e privados: bombeiros, Direcção-Geral dos Recursos Florestais, Guarda Nacional Republicana, Polícia de Segurança Pública, sapadores das Forças Armadas, equipas de vigilância e primeira intervenção do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade e equipas da AFOCELCA, uma associação criada pelo Grupo Portocel Soporcel, a Celbi e a Celulose do Caima para a prevenção e combate dos incêndios florestais.
Recorde-se que o ano está dividido, conforme o potencial risco de incêndios florestais, em várias fases que determinam o tipo e quantidade de meios que estão disponíveis para o combate aos fogos. Assim, temos a Fase Alfa (de 1 de Janeiro a 14 de Maio), a Fase Bravo (de 15 de Maio a 30 de Junho), a Fase Charlie (de 1 de Julho a 30 de Setembro), a Fase Delta (1 a 15 de Outubro) e a Fase Echo (16 de Outubro a 31 de Dezembro). Esta última foi criada apenas este ano com o objectivo de manter os meios de combate aos incêndios florestais disponíveis durante todo o ano.

Fim-de-semana ardente

As temperaturas máximas subiram no final da semana passada e não foi preciso esperar muito para ver os seus resultados. O passado sábado foi o dia com mais incêndios florestais dos últimos 20 dias e teve mais do dobro de ocorrências do que a média diária da semana anterior. A Protecção Civil assinalava na sua página electrónica que, anteontem, registaram-se 91 incêndios florestais em território nacional, tendo sido necessária a mobilização de 934 combatentes e 239 viaturas. Como comparação refira-se que nos seis dias anteriores a média diária de incêndios tinha sido de apenas 45.
Ontem, devido às elevadas temperaturas previstas, o Instituto de Meteorologia colocava alguns concelhos dos distritos de Santarém, Castelo Branco e Portalegre em "risco máximo" de incêndio e os restantes concelhos destes distritos, juntamente com os do Algarve, Alentejo, Guarda, Bragança, Viseu e Vila Real em risco "muito elevado".

Jornal de Notícias